A Semente: Fale um pouco do Senhor, onde nasceu, sua família, irmãos.
Sou polonês, meu nome em polonês é Jan Franciszek Pietrus, e traduzindo é João Francisco Pietrus. Minha mãe chama-se Matilde e meu Pai Afonso. Eu agradeço a Deus, por eles, como São Vicente Pallotti, se referindo aos seus pais, ele tinha pais Santos, e eu me coloco como ele, pois o exemplo para mim hoje como sacerdote, são meus pais, santos e orantes.
Somos quatro irmãos, a mais velha chama-se Úrsula, depois sou Eu, Ricardo e Romano. Hoje todos são casados, minha irmã tem três filhos, o Ricardo tem dois meninos e uma filha adotiva, e o mais novo tem um casal. Todos moram na Polônia.
A Semente: Há quanto tempo o Senhor é Padre, e quando veio para o Brasil?
Fui ordenado no dia 9 de maio de 1991. Depois de um ano de estudos de língua portuguesa e de preparação dos documentos necessários para ter o visto, vim para o Brasil em 20 de maio de 1992. Assim começou a minha vida como padre.
A Semente: Conte-nos como foi sua chegada ao Brasil.
É curioso observar que os meus primeiros passos como missionário, eu dei aqui na Paróquia de São Sebastião. Lembro-me que cheguei aqui no dia 20 de maio, era uma quarta-feira. Naquele tempo o Pe. Lucas era vigário aqui em Itaipu e ia viajar para Polônia de férias, que naquela época durava três meses, então o Pe. João Sopicki, que era o superior, me trouxe para substituir o Pe. Lucas.
Quando ele voltou das Férias eu fui para a paróquia de Imaculada Conceição, em cachoeiras de Macacu, na diocese de Nova Friburgo. Lá fiquei um ano, e devido as necessidades, me transferiram de novo aqui para Itaipu para trabalha ano com o Pe. Estevão Lewandowski que era o pároco.
A Semente: O Senhor é Mestre de Noviços. Fale um pouco sobre esta experiência e este trabalho.
Naquele tempo os padres decidiram abrir o noviciado Palotino. Noviciado é o ano espiritual, um ano separado dos estudos de filosofia e teologia, estamos falamos ai dos candidatos ao sacerdócio, a vida consagrada, então cada congregação, cada ordem religiosa tem o chamado noviciado. O tempo do noviciado é diferente em cada congregação.
Então me escolheram para ser o chamado “mestre dos noviços, e devido a isso comecei a me preparar, eu me lembro que fiquei um mês observando, aprendendo com outro mestre de noviços, também Palotino, da província de São Paulo, fiquei no noviciado deles, em Cornélio Procópio- PR. Depois eu voltei e assumi a primeira turma de quatro noviços. E é curioso observar como são as coisas, até eu diria as coisas dos Santos. Sabemos que São Vicente Pallotti sempre sonhava, desde menino, ser um frade capuchinho, mas devido à saúde fraca não conseguiu, não foi admitido. Mas mesmo assim, ao longo da sua vida mostrava essa grande paixão pela ordem dos franciscanos. E a nossa primeira turma do noviciado foi realizado na casa dos capuchinhos, em Teresópolis. Pois naquele tempo nós tínhamos noviços e os capuchinhos não tinham noviços, mas tinham a casa para o noviciado. Então ficamos lá um ano. No ano seguinte, vimos com o noviciado aqui para Itaipu. Ficamos aqui um ano, numa parte em anexo.
Depois de dois anos de experiência como mestre de noviços, recebemos a visita do nosso padre provincial da Polônia que decidiu que eu devia estudar, fazer um curso apropriado para formadores, em Roma. Eu fui para Roma, fiz um curso de formadores, com duração de dois anos, estudei na faculdade dos salesianos, e depois voltei para o Brasil. Na época justamente que todos nós celebramos o jubileu de 2000. Neste ano 2000, então, abrimos nossa própria casa do noviciado
Então recordamos que o primeiro ano do noviciado palotino aconteceu em Teresópolis depois no ano seguinte em Itaipu. Contamos então sempre com a gentileza de “outros” primeiro com os capuchinhos e depois com a Paróquia de Itaipu, pois não tínhamos nossa casa própria. Compramos uma casa, que foi adaptada para ser uma casa de noviciado, que fica em Guapimirim. Então neste período de 2000-2001 fiquei lá.
A Semente: E quantas Paróquias o senhor já trabalhou?
Primeiro ajudei o Pe. Casimiro que era pároco na paróquia de São Benedito, em Itaperuna. Depois de um tempo assumi como pároco a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Vinhosa, também Itaperuna. Depois disso voltei para o Rio, e novamente trabalhei em Cachoeiras de Macacu, de lá voltei para polônia, fiquei mais de um ano lá, trabalhando também no noviciado Palotino, depois fui para Portugal. Em Portugal fiquei mais um ano. Voltando para o Brasil assumi mais uma vez o noviciado, no ano passado. No dia 9 de Janeiro deste ano terminou a o chamado “ano canônico” no noviciado. Como havia apenas dois novos candidatos para o noviciado este ano, nós decidimos não abrir o noviciado. Então eu assumi este trabalho aqui em Itaipu pela 3ª vez.
Mensagem:
Como esta entrevista esta sendo realizada neste tempo da quaresma, preparação direta para a Páscoa, Ressurreição de nosso senhor Jesus Cristo. Neste dia em que o evangelho (Jo 5, 1-16) mostra a situação de um homem, que a 38 anos esperava alguém que o levasse até a piscina de Betesda para ser curado das doenças. E aquela conclusão bem triste, se não tenho o senhor Jesus, não tenho ninguém, não tenho alguém pra ajudar para chegar perto desta piscina. De fato acontece que nós caímos num estilo de vida marcado fortemente pela pressa, e essa pressa, causa a falta de sensibilidade, nós olhamos este mundo, mas não enxergamos, não enxergamos nem as pessoas nem aquilo que é mais importante na nossa vida. O importante é o homem, o homem como alguém disse, é um caminho mais curto, mais seguro que nos leva para o encontro com Deus. Então temos que investir sempre no encontro verdadeiro, no nosso enxergar o outro, penso que seremos julgados não pela quantidade, pelo número de reuniões realizadas na paróquia, obras de tijolos, salas bonitas com poltronas confortáveis, ar condicionado bem sofisticado, mas tudo isso pode ficar vazio, se não investirmos no encontro direto com Deus. Então este evangelho é para mim um bom exame de consciência, pois às vezes corremos atrás das coisas, deixamos nos levar por essa febre de apenas “fazer” e pouco investir no SER, NO ESTAR COM O OUTRO. O que adianta chorar por aquele homem que já se foi, se antes sofria, como o homem do evangelho, com a solidão por causa da falta de sensibilidade dos homens? Nós somos cercados por tantas pessoas no nosso cotidiano, mas pode acontecer que nós apenas encontramos as pessoas, mas não percebemos a presença delas.
Então que nós sejamos mais sensíveis como Cristo. Gostaria de terminar então com aquela Musica que o Pe. Zezinho canta, amar como Cristo amou perdoar como Cristo perdoou, e assim por diante. “Ser” quer dizer em outras palavras, “muito sensível, ou sensível com as necessidades e a presença do outro”. Então o homem precisa mais praticar e viver a teologia do ser humano.
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