Arquidiocese de Niterói - Vicariato Oceânico

sábado, 5 de setembro de 2009

SETEMBRO. MÊS DA BÍBLIA. Não façamos dela simples decoração em nossas casas.



Neste mês de setembro, nossa Igreja Cristã e Católica, já por tempo significativo, promove a leitura e a assimilação da Palavra de Deus, escrita no Livro Sagrado. Livro que não é para ser “devorado”, como se fosse um romance, ou obra de “suspense”, nem para ser deixado, como o é muitas vezes, sobre algum móvel, em posição de destaque, mas abandonado de fato no conteúdo, sendo lido raramente, ou consultado só para esclarecer eventuais dúvidas, como se costuma proceder com enciclopédias, dicionários, ou coisas parecidas.

Em verdade, o ainda conhecimento bíblico insuficiente, por parte de nós, católicos, no conjunto, deve-se a uma postura eclesial, em passado histórico, de excesso de cautela, pelo temor de outras fugas aos ensinamentos dos sucessores de Pedro, por interpretações pouco esclarecidas. Não se proibiam as leituras, nem as reflexões de grupos sobre os textos, mas, por outro tanto, não se as incentivavam entre os leigos. Tal postura, todavia; depois da grande renovação advinda do Santo Espírito, concretizada pelo Concílio Vaticano II; foi substancialmente reformada. Nos dias de hoje, em todos os movimentos e pastorais, em todos os encontros, em todas as obras, as leituras e as colocações de sentimentos, no cotejo da Palavra com a vivência individual, familiar, grupal e social, são tidas como altamente importantes para o crescimento de cada um de nós, nas esferas em que atuamos, e para o crescimento da própria Igreja (termo derivado de ecclesia, que significa reunião) em sua dimensão total.


Muita falta ainda nos faz a melhor interação com aquilo que Nosso Pai Criador, Seu Filho Redentor e o Espírito Consolador; no Mistério de Deus Uno e Trino permitiu que fosse revelado; para que tenhamos uma vida mais completa e feliz, amando-O e amando-nos uns aos outros como a nós mesmos, na construção de uma sociedade fraterna e solidária – primícia do Reino prometido, à cuja colaboração somos sempre chamados mas nem sempre atendemos. Muitas críticas errôneas, partidas de irmãos nossos de outras denominações ou crenças, deixam de ser contrariadas, ou impressionam e causam insegurança, por causa do desconhecimento, ou conhecimento incompleto, do que diz a Bíblia e do que diz o Magistério da Igreja, nos necessários esclarecimentos. Muitas superstições, que ainda existem em nosso meio, serão superadas por mais leitura e assimilação da Palavra. Muitas “misturas”, do chamado sincretismo, serão evitadas, até porque o respeito que nos merecem as pessoas de outras religiões não nos pode levar à aceitação de teorias ou adesão a práticas que colidam com os princípios básicos de nossa fé.


Lendo e assimilando os sagrados ensinamentos, aprendemos, por exemplo, que Deus nos fala dentro do espaço de compreensão pertinente a cada tempo de nossa história. Isto, porque os livros do Antigo e do Novo Testamento foram escritos por pessoas tão humanas quanto nós, inseridas em realidades muitas vezes brutais de épocas remotas, mas que o fizeram sob inspiração do Alto, em uma linha de admirável harmonia, do Gênesis até o Apocalipse. Procurando uma compreensão profunda, não superficial, aprendemos que o espírito dos textos é mais importante do que a letra pura; que em alguns a simbologia é relevante; e que nenhuma expressão pode ser entendida como isolada do conjunto. Aprendemos que o texto bíblico, bem entendido dessa forma, não se opõe à Ciência nem à História provada. Pouco importa se nossa origem corporal seja ou não correlata a elos com seres animalescos objeto de evolução em milhões de anos. O que, diga-se de passagem, muito ainda é discutido no campo próprio. Importa, sim, que Deus; em momento por Ele escolhido; dotou-nos de alma imortal, à Sua imagem e semelhança, para que, dentro de perpétua Aliança, nos realizássemos de pleno. Ao que nós falhamos, tendo a dor por conseqüência. Mas que, pela morte e ressurreição de Jesus, somos de novo chamados ao destino maravilhoso. Deus nos ama, sendo infinita Sua Misericórdia, como Sua Justiça.

Saibamos, portanto, ler a Bíblia do modo mais acertado. Procuremos fazê-lo não só pessoalmente, mas com nossos cônjuges, filhos, outros familiares, vizinhos e amigos. Participemos, na medida dos dons de cada um, de tarefas de igreja, e por específico de nossa Paróquia de São Sebastião de Itaipu, assim iluminados. Deus sabe o que precisamos ler ou ouvir, no momento adequado.


Roguemos ao Senhor, pois, que nos encoraja a assim proceder. Peçamos a preciosa e maternal intercessão da Virgem Maria. Amém.


Luiz Felipe Haddad


Nenhum comentário: