Arquidiocese de Niterói - Vicariato Oceânico

sábado, 5 de setembro de 2009

SETEMBRO. MÊS DA BÍBLIA. Não façamos dela simples decoração em nossas casas.



Neste mês de setembro, nossa Igreja Cristã e Católica, já por tempo significativo, promove a leitura e a assimilação da Palavra de Deus, escrita no Livro Sagrado. Livro que não é para ser “devorado”, como se fosse um romance, ou obra de “suspense”, nem para ser deixado, como o é muitas vezes, sobre algum móvel, em posição de destaque, mas abandonado de fato no conteúdo, sendo lido raramente, ou consultado só para esclarecer eventuais dúvidas, como se costuma proceder com enciclopédias, dicionários, ou coisas parecidas.

Em verdade, o ainda conhecimento bíblico insuficiente, por parte de nós, católicos, no conjunto, deve-se a uma postura eclesial, em passado histórico, de excesso de cautela, pelo temor de outras fugas aos ensinamentos dos sucessores de Pedro, por interpretações pouco esclarecidas. Não se proibiam as leituras, nem as reflexões de grupos sobre os textos, mas, por outro tanto, não se as incentivavam entre os leigos. Tal postura, todavia; depois da grande renovação advinda do Santo Espírito, concretizada pelo Concílio Vaticano II; foi substancialmente reformada. Nos dias de hoje, em todos os movimentos e pastorais, em todos os encontros, em todas as obras, as leituras e as colocações de sentimentos, no cotejo da Palavra com a vivência individual, familiar, grupal e social, são tidas como altamente importantes para o crescimento de cada um de nós, nas esferas em que atuamos, e para o crescimento da própria Igreja (termo derivado de ecclesia, que significa reunião) em sua dimensão total.


Muita falta ainda nos faz a melhor interação com aquilo que Nosso Pai Criador, Seu Filho Redentor e o Espírito Consolador; no Mistério de Deus Uno e Trino permitiu que fosse revelado; para que tenhamos uma vida mais completa e feliz, amando-O e amando-nos uns aos outros como a nós mesmos, na construção de uma sociedade fraterna e solidária – primícia do Reino prometido, à cuja colaboração somos sempre chamados mas nem sempre atendemos. Muitas críticas errôneas, partidas de irmãos nossos de outras denominações ou crenças, deixam de ser contrariadas, ou impressionam e causam insegurança, por causa do desconhecimento, ou conhecimento incompleto, do que diz a Bíblia e do que diz o Magistério da Igreja, nos necessários esclarecimentos. Muitas superstições, que ainda existem em nosso meio, serão superadas por mais leitura e assimilação da Palavra. Muitas “misturas”, do chamado sincretismo, serão evitadas, até porque o respeito que nos merecem as pessoas de outras religiões não nos pode levar à aceitação de teorias ou adesão a práticas que colidam com os princípios básicos de nossa fé.


Lendo e assimilando os sagrados ensinamentos, aprendemos, por exemplo, que Deus nos fala dentro do espaço de compreensão pertinente a cada tempo de nossa história. Isto, porque os livros do Antigo e do Novo Testamento foram escritos por pessoas tão humanas quanto nós, inseridas em realidades muitas vezes brutais de épocas remotas, mas que o fizeram sob inspiração do Alto, em uma linha de admirável harmonia, do Gênesis até o Apocalipse. Procurando uma compreensão profunda, não superficial, aprendemos que o espírito dos textos é mais importante do que a letra pura; que em alguns a simbologia é relevante; e que nenhuma expressão pode ser entendida como isolada do conjunto. Aprendemos que o texto bíblico, bem entendido dessa forma, não se opõe à Ciência nem à História provada. Pouco importa se nossa origem corporal seja ou não correlata a elos com seres animalescos objeto de evolução em milhões de anos. O que, diga-se de passagem, muito ainda é discutido no campo próprio. Importa, sim, que Deus; em momento por Ele escolhido; dotou-nos de alma imortal, à Sua imagem e semelhança, para que, dentro de perpétua Aliança, nos realizássemos de pleno. Ao que nós falhamos, tendo a dor por conseqüência. Mas que, pela morte e ressurreição de Jesus, somos de novo chamados ao destino maravilhoso. Deus nos ama, sendo infinita Sua Misericórdia, como Sua Justiça.

Saibamos, portanto, ler a Bíblia do modo mais acertado. Procuremos fazê-lo não só pessoalmente, mas com nossos cônjuges, filhos, outros familiares, vizinhos e amigos. Participemos, na medida dos dons de cada um, de tarefas de igreja, e por específico de nossa Paróquia de São Sebastião de Itaipu, assim iluminados. Deus sabe o que precisamos ler ou ouvir, no momento adequado.


Roguemos ao Senhor, pois, que nos encoraja a assim proceder. Peçamos a preciosa e maternal intercessão da Virgem Maria. Amém.


Luiz Felipe Haddad


O Exercício da Diaconia na comunidade.






1- A DIACONIA DA CARIDADE

A caridade consiste na necessidade do diácono assumir uma opção preferencial pelos pobres , marginalizados e excluídos, exercendo o serviço da caridade em nome do bispo e do pároco . A função diaconal está por demais divulgada , na verdade se pode encontrar até em alguns textos do Rito de Ordenação dos Diáconos . Vejamos o texto abaixo, tirado do Concílio Vaticano II :

Dedicados aos ofícios da caridade e da administração , lembrem-se os diáconos do conselho do bem-aventurado Policarpo: ‘misericordiosos e diligentes, procedam em harmonia com a verdade do Senhor , que se fez servidor de todos’.”

Portanto, o diácono terá que ser testemunha viva da caridade de toda Igreja , contribuindo o tempo todo para uma reunião da comunidade dispersa com objetivo de edificar o Corpo de Cristo, revestindo-se de especial compaixão pelos mais humildes, principalmente pobres e desempregados, administrando obras de caridade e promoção social. Enfim criando meios de atender melhor as pessoas mais necessitadas, apresentando-se como o próprio Cristo.


2 - A DIACONIA DA PALAVRA

O diácono, antes de qualquer coisa, é o servidor da Palavra e anunciador do Evangelho, mas será também discípulo e ouvinte . Nesse sentido o diácono não poderá ficar afastado das Escrituras Sagradas , da Liturgia das Horas e demais leituras evangelizadoras, nas quais ele através da escuta humilde e profundo amor a Deus e ao próximo será convertido, e na conversão assume o papel de evangelizar através de sua missão como Cristo Servo , que não está restrita apenas à homilia ou anúncio da Palavra , mas como testemunha do Evangelho. Deverá portanto, ter facilidade e intimidade com os livros sagrados, através de permanente estudo, com objetivo de através da Igreja , ser canal do Dom da graça, reconciliando os pecadores com Deus , pregando e ensinando , para que seja todos participem do Sacrifício de Cristo na Santa Missa, que é memorial de sua morte e gloriosa ressurreição.

3 - A DIACONIA DA LITURGIA

Os ministros do altar , em especial os diáconos, deverão fazer da celebração eucarística o centro de suas vidas e de suas atividades, devendo empenhar-se para que na celebração dos sacramentos , das celebrações da Palavra e nas orações, fique evidenciada a diaconia litúrgica , lugar onde é exercida, sem se descuidar da tríplice missão diaconal , que neste momento deverá estar presente . Santo Inácio de Antioquia, afirmava:

É preciso que os diáconos sejam ministros dos mistérios de Jesus Cristo e agradem a todos sob todos os aspectos, porque são servidores não somente para o sustento e a bebida, mas estão a serviço da Igreja de Deus.”

O Concílio Vaticano II evidencia que o diácono receberá o “poder como serviço” . O diácono é definido como Sacramento do Cristo-Servo e como expressão da Igreja Servidora.

O Sacramento da Ordem exprime, de modo oficial

e público, o tríplice ministério de Cristo: “Profeta”, “Sacerdote” , e “Pastor”.

Pela imposição das mãos do bispo, o diácono recebe publicamente de modo irrevogável e definitivo, o mandato e a missão do serviço.

4 – O DOCUMENTO DE PUEBLA SOBRE O DIÁCONO

Diz o documento: “O diácono , colaborador do bispo e do presbítero, recebe uma graça sacramental própria. O carisma do diácono , sinal sacramental de Cristo-Servo, tem grande eficácia para a realização de uma Igreja servidora e pobre, que exerce sua unção missionária com vistas à libertação integral do homem” (DP 697).

Certamente todo o batizado pode exercer a maior parte das funções diaconais, o importante é que, ordenando os diáconos, a Igreja evidencia o Serviço da “Palavra” e da “Caridade”. Ser ícone de Cristo-Servidor constitui a identidade profunda do diácono. Através da vivência da dupla Sacramentalidade, a do Matrimônio e da Ordem, ele realiza seu serviço. O Sacramento da Ordem confere uma graça especial do Espírito Santo para que o ministro, na sua realidade pessoal e histórico-cultural, seja imagem de Cristo Senhor, Cabeça , Pastor e Esposo da Igreja .

5- PARA MELHOR DESEMPENHO DESTE CHAMADO

O Diácono para desempenhar bem este chamado deverá exercer com habilidade o serviço conscientizando-se que tem que ser o menor , na qualidade de servo. Este ministério significa escravidão, entrega total , a exemplo do diácono Lourenço (+258) que após a prisão dos seus irmãos na fé e do Papa, a ele, como responsável pelo cuidado dos pobres de Roma , fora concedido mais algum tempo de liberdade , para recolher os tesouros da Igreja e entrega-los às autoridades civis. Lourenço distribuiu o dinheiro disponível entre os pobres e, depois, os apresentou às autoridades como sendo o verdadeiro tesouro da Igreja.

Aniversário de Ordenação Diaconal 23 de agosto de 2009 –

Diácono Valdir Costa

As Fontes da Teologia: as Sagradas Escrituras


1. A Sagrada Escritura, alma da Teologia:

A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita e tem lugar especial na vida da Igreja. Contem a mensagem divina da salvação que sob a inspiração do mesmo Espírito Santo que falou pelos profetas, foi redigida pelos escritores sagrados, entre eles os Apóstolos.

Encontra-se intimamente unida à Tradição, que deriva dos Apóstolos e cresce na Igreja com a ajuda do Espírito Santo.

“A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão ìntimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência” (Dei Verbum 9).

“A sagrada Teologia apóia, como em seu fundamento perene, na palavra de Deus escrita e na sagrada Tradição, e nela se consolida firmemente e sem cessar se rejuvenesce, investigando, à luz da fé, toda a verdade contida no mistério de Cristo. As Sagradas Escrituras contêm a palavra de Deus, e, pelo fato de serem inspiradas, são verdadeiramente a palavra de Deus; e por isso, o estudo destes sagrados livros deve ser como que a alma da sagrada teologia. Também o ministério da palavra, isto é, a pregação pastoral, a catequese, e toda a espécie de instrução cristã, na qual a homilia litúrgica deve ter um lugar principal, com proveito se alimenta e santamente se revigora com a palavra da Escritura” (Dei Verbum 24).


2. O Cânon Bíblico;

Cânon é um padrão, uma norma que julga um pensamento ou uma doutrina. O cânon bíblico é o conjunto dos livros que a Igreja considera oficialmente como base da sua doutrina e dos seus costumes, pelo fato de serem inspirados por Deus.

A canonicidade não supõe a autenticidade literária. Por muito tempo, por exemplo, se pensou que a Carta aos Hebreus fosse obra de São Paulo. Hoje isso não é aceito na ciência bíblica, mas com isso essa carta não deixa de ser canônica e inspirada por Deus.

O cânon bíblico foi definido tal como o conhecemos hoje por volta do ano 300. Os critérios que determinaram o reconhecimento dos livros como Palavra de Deus foram os seguintes: uma reta regra de fé, uma clara origem apostólica (para os livros do Novo Testamento) e o uso habitual no culto.

“A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé” (Dei Verbum 21).


3. Inspiração da Escritura;

A inspiração da Sagrada Escritura é um carisma, um dom do Espírito Santo, que atuou nos escritores sagrados. É a ação do Espírito Santo na alma dos escritores o que lhes deu a infalibilidade.

“As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com efeito, a santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo (cfr. Jo. 20,31; 2 Tim. 3,16; 2 Ped. 1, 19-21; 3, 15-16), têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria.

E assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras. Por isso, «toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça: para que o homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as obras boas» ( Tim. 3, 7-17) (Dei Verbum 11).


4. A Hermenêutica bíblica:

“Como, porém, Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.

Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem ser tidos também em conta, entre outras coisas, os «gêneros literários». Com efeito, a verdade é proposta e expressa de modos diversos, segundo se trata de gêneros históricos, proféticos, poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de fato exprimiu servindo se os gêneros literários então usados. Com efeito, para entender retamente o que autor sagrado quis afirmar, deve atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se freqüentemente nas relações entre os homens de então. Mas, como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a palavra de Deus”.


5. Sagrada Escritura, Igreja e Teologia

“A esposa do Verbo encarnado, isto é, a Igreja, ensinada pelo Espírito Santo, esforça-se por conseguir uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, para poder alimentar contìnuamente os seus filhos com os divinos ensinamentos; por isso, vai fomentando também convenientemente o estudo dos santos Padres do Oriente e do Ocidente, bem como das sagradas liturgias. É preciso, porém, que os exegetas católicos e os demais estudiosos da sagrada teologia, trabalhem em íntima colaboração de esforços, para que, sob a vigilância do sagrado magistério, lançando mão de meios aptos, estudem e expliquem as divinas Letras de modo que o maior número possível de ministros da palavra de Deus possa oferecer com fruto ao Povo de Deus o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus. O sagrado Concilio encoraja os filhos da Igreja que cultivam as ciências bíblicas para que continuem a realizar com todo o empenho, segundo o sentir da Igreja, a empresa felizmente começada, renovando constantemente as suas forças” (Dei Verbum 23).

Recentemente o Papa Bento XVI, num discurso à Pontifícia Comissão Bíblica esclarecia esse tema.

“Só o contexto eclesial permite à Sagrada Escritura ser entendida como autêntica Palavra de Deus, que se converte em guia, norma e regra para a vida da Igreja e em crescimento espiritual dos crentes.

Isso, não impede de nenhuma maneira uma interpretação séria, científica, mas abre também o acesso às dimensões ulteriores de Cristo, inacessíveis a uma análise só literária, que é incapaz de acolher em si o sentido global que através dos séculos guiou a Tradição de todo o Povo de Deus.

Há um princípio hermenêutico sem o qual os escritos sagrados ficariam como letra morta, só do passado: a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do próprio Espírito mediante o qual foi escrita.

O estudo científico dos textos sagrados é importante, mas não é por si só suficiente, pois levaria em conta só a dimensão humana.

Para respeitar a coerência da fé da Igreja, o exegeta católico tem que estar atento a perceber a Palavra de Deus nestes textos, dentro da mesma fé da Igreja.

O exegeta católico não se sente só membro da comunidade científica, mas também e sobretudo membro da comunidade dos crentes de todos os tempos.

Na realidade, estes textos não foram entregues só aos pesquisadores ou à comunidade científica para satisfazer sua curiosidade e ou para oferecer-lhes temas de estudo e de pesquisa. Os textos inspirados por Deus foram confiados em primeiro lugar à comunidade dos crentes, à Igreja de Cristo, para alimentar a vida de fé e para guiar a vida de caridade.

Uma hermenêutica da fé corresponde mais à realidade deste texto que uma hermenêutica racionalista, que não conhece Deus”.

Na ausência deste imprescindível ponto de referência, a pesquisa exegética ficaria incompleta, perdendo de vista sua finalidade principal, com o perigo de ficar reduzida a uma letra meramente literária, na qual o verdadeiro autor, Deus, deixa de aparecer”.

Fonte: http://www.presbiteros.com.br/


Eduardo Gomes, professor pós-graduado em Ensino Religioso.

Roma Locuta Causa Finita Est (Santo Agostinho)




Semana da Família

Entre os dias 10 e 14 de agosto, vivemos na paróquia de São Sebastião em Itaipu, a Semana da Família. Este ano, a revista Hora da Família lançou o tema “Família, Igreja doméstica, caminho para o discipulado” e baseados neste tema, a pastoral familiar dividiu cinco sub-temas para serem desenvolvidos e partilhados por casais convidados. Os encontros aconteceram na Igreja Matriz, durante a missa de 20h, com grande participação das famílias de nossa comunidade paroquial.
No primeiro dia, a liturgia foi preparada pela UAC / Itaipu quando recebemos o casal da Comunidade, Anunciadores da Misericórdia, Marlon e Cleide que partilharam conosco o sub-tema Família, Espaço de Encontro e Lugar de Segurança.
No segundo dia, a Comunidade Santos Anjos, preparou a liturgia e o seu fundador Paulo com sua esposa Lívia falaram sobre “Sem o domingo não podemos viver”.
No terceiro dia, o casal Ademar e Carla da Pastoral da Sobriedade, deram testemunho sobre a iniciação cristã dos membros de sua família e as mudanças operadas em seu lar. A liturgia preparada pela capela Sagrada Família e celebração do Pe. Casimiro.
No quarto dia, a liturgia foi preparada pela Matriz e missa presidida pelo Pe. Casimiro, onde tivemos o diácono de nossa Paróquia Valdir com sua esposa Cláudia, dissertando sobre o tema: Viver a alegria de ser missionário, catequese caminho para o discipulado.
No último dia tivemos o casal Elias e Luciane, coordenadores do Encontro de Adolescentes com Cristo que nos falaram sobre: Ser feliz na Comunidade.
Todos os dias após a apresentação do tema, todos eram recebidos para saborearem no salão paroquial, deliciosos caldos e sobremesas preparados por nossos paroquianos. Foram noites de encontro, reflexão, formação e partilha, que já nos deixaram com água na boca para o próximo ano.

Vera Regina

Sola Scriptura

"Então o Diabo lhe disse: 'Se és o filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito..." (Mateus 4,5).

A Sagrada Escritura é uma lâmpada que ilumina o nosso caminho para a Casa do Pai (Salmo 119,105), porém, quando mal utilizada, pode nos levar inúmeros erros. Assim, a Escritura, só, não pode ser a única fonte de fé. Por outro lado, a Tradição Oral e o Magistério da Igreja só tem sentido se fazem eco à Sagrada Escritura. A Tradição oral remonta ao próprio Cristo e aos Apóstolos. Ela é anterior à Escritura e se exprime nela. O ponto em que mais aparece a necessidade de algo anterior à Escritura, é a que se refere ao Cânon Bíblico: Como saber se um livro é ou não inspirado?

O próprio protestantismo, que afirma só reconhecer a Escritura, recorre necessariamente à Tradição Oral em 2 ocasiões:

  1. Sem a Tradição oral, não se pode definir o catálogo sagrado, pois em nenhuma parte da Escritura está escrito quais os livros que, inspirados por Deus, a devem integrar. É preciso procurar a definição dos livros sagrados fora da Escritura: na Tradição. Ora, Lutero e o Protestantismo recorreram à tradição dos judeus da palestina, enquanto a Igreja Católica, seguindo o uso dos Apóstolos, optara pela tradição dos judeus de Alexandria.

  2. Na sua maneira de interpretar a Bíblia, os protestantes também recorrem a uma tradição, pois, embora o texto bíblico seja o mesmo para todas as denominações evangélicas, estas não concordam entre si, por exemplo, no que toca ao Batismo de criança, à observância do sábado ou do domingo, etc. As divergências não provêm do texto bíblico, mas da interpretação dada a este texto por cada fundador. Ou seja, dependem da tradição oral ou escrita que cada fundador quis iniciar na sua congregação. Assim, embora queiram rejeitar a Tradição Oral, o cristão a professa sempre: professa a Tradição oriunda de Cristo e dos Apóstolos, ou a tradição oriunda de Lutero, Calvino... Cada "profeta" protestante faz o que Lutero fez: rejeita a tradição protestante anterior e começa uma nova tradição: sim, lê a Bíblia ao seu modo e dela deduz proposições de fé e de moral que, segundo a sua intuição humana falível, lhe parecem mais acertada.

O profeta Amós anunciou (8,11): "Chegará o dia em que Deus mandará fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a Palavra de YHWH”. Como esta fome de ouvir a Palavra de Deus é inerente à natureza humana, que deseja conhecer o seu Criador, devemos, nesta busca, estar atentos às infinidades de doutrinas errôneas inventadas pelo homem, que tenta baseá-las na Bíblia mal-interpretada. Já o apóstolo Pedro advertia em 2Pedro 3,16, que haveria quem viesse a torcer o seu ensino para sua própria perdição.

Alguém disse: "Da Bíblia mal-intepretada pode se extrair até petróleo"...

  • Joseph Smith, fundador dos mórmons, baseando-se na ordem divina de Gênese 1,22 e 35,11 ("crescei e multiplicai-vos"), aprovou a poligamia.

  • Joseph F. Rutherford, 2º líder mundial dos Testemunhas de Jeová, apoiou a já conhecida recusa às transfusões de sangue, que tantas mortes causou entre eles, a partir do texto de Atos 15,20, quando a Igreja proclamou uma ordem transitória e circunstancial de vir a abster-se do sangue.

  • Os líderes dos Adventistas do 7º Dia, utilizando Êxodo-20,8 ("recorda-te do dia de sábado para santificá-lo"), obrigam os seus adeptos a observá-lo como faziam os judeus do Antigo Testamento e rejeitam o domingo, o "Dia do Senhor", próprio dos cristãos.

  • Os cristãos fundamentalistas (Igreja da Fé em Cristo Jesus e outras da mesma linha doutrinária), lendo Atos 8,16 ("unicamente tendo sido batizados em nome do Senhor Jesus"), dizem que os cristãos devem ser batizados apenas em nome de Jesus e não no nome das Três Pessoas da Santíssima Trindade, muito embora esta seja a ordem expressa de Cristo em Mateus 28,19.

  • A grande maioria das Igrejas Cristãs Evangélicas, citando Romanos 3,28 ("concluímos que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei"), proclama que a justificação (salvação) é obtida somente pela fé sem obras, em oposição ao que diz Tiago 2,26.

  • Entre os pentecostais, têm surgido casos de pessoas virem à falecer - principalmente crianças - em razão de seus pais não recorrerem ao médico para tratar das suas doenças, já que crêem que, segundo Lucas 8,48, tudo pode ser curado apenas pela fé e as orações. No entanto, os judeus - o povo da Bíblia - recorriam aos médicos (Eclesiástico 39); e entre os apóstolos, havia um médico eminente: São Lucas (Colossenses 4,14).

  • Em San Luis Potosi, numa comunidade de pessoas que seguia esta linha doutrinária, algumas morreram ao inalar gas butano. O pastor lhes dizia que se tratava da ação do Espírito Santo (Heraldo de Chih, 1° de janeiro de 1992).

  • Os seguidores da urinoterapia (=beber da própria urina), justificam esta prática no texto de Provérbios 5,15 ("toma a água da tua própria fonte")!

As práticas mais absurdas podem ter apoio na Bíblia mal-interpretada; citar todas seria interminável. O próprio Diabo se valeu desta técnica para inutilmente tentar derrubar Jesus ("Então o Diabo lhe disse: 'Se és o filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito..." [Mateus 4,5]).

Para evitarmos ser vítimas destes e de outros danos tão terríveis, leiamos a Sagrada Escritura sempre seguindo a interpretação do Magistério da Igreja Católica, a quem Jesus conferiu esse ministério (Lucas 10,16) e não o que é proclamado à margem deste.

Eduardo Gomes, professor pós-graduado em Ensino Religioso.

"Há homens cuja fraqueza de inteligência não lhes permitiu ir além das coisas corpóreas" (São Tomás de Aquino).