No mês de outubro, que se inicia, nossa Igreja faz especial dedicação às Missões. E também à Oração do Rosário, que nos leva a buscar Maria Santíssima, nossa Rainha e nossa Mãe, e ao mesmo tempo a contemplar os mais relevantes acontecimentos da vida de seu Filho Jesus Cristo, nosso Salvador e Redentor, através dos mistérios. Estes, como se sabe, eram os gozosos; relativos ao nascimento de Jesus e ao tempo próximo; os dolorosos; relativos à sua paixão e morte; e os gloriosos; relativos à ressurreição, à ascensão, à vinda do Espírito Santo, e à coroação de Maria, assunta em corpo e espírito. Porém, no pontificado recente de João Paulo II, foram acrescidos os luminosos, que nos mostram o batismo de Jesus, o milagre das Bodas de Caná, a transfiguração e a eucaristia. Assim, o que era somado em 150, passou a ser em 200. Mas o antigo nome “terço”, que passou a ser “quarto”, ainda é mantido por forte tradição.
Nem é preciso comentar-se sobre a força da Oração do Terço, pessoalmente, em família ou em grupos restritos ou mais amplos. Maior ainda, claro, a do Rosário completo, sendo possível no tempo de cada um. E sobre os conselhos da Virgem Maria, em várias de suas aparições ao longo da história, para que prestigiemos tal oração, sobretudo, em favor do nosso crescimento como pessoas cristãs; para que aumente nossa fé; para que saibamos nos perdoar e compreender reciprocamente; para que participemos da comunidade eclesial, na medida dos dons de cada um; para que nosso catolicismo seja de verdade, para valer; não simplesmente formal ou de social aparência, ou mesclado com superstições, ou com elementos de outras crenças que se oponham aos princípios básicos da nossa. Respeitar é uma coisa. Outra, bem diferente, é fazer da fé professada em nosso batismo uma “salada mista”.
Rezando-se o Terço com atenção e entusiasmo, deparamo-nos, por exemplo, com a expressão: “Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, e socorrei principalmente as que mais precisarem”. Quanta beleza e profundidade são aí contidas. O Filho do Homem não veio para condenar, mas para salvar. Só que nós devemos colaborar, crendo, e sendo batizados, como está escrito. Mas a Misericórdia de Deus é infinita. Há os que, só praticando o bem, crêem e não sabem. Há os que, sem batismo ao morrerem, o desejariam, se assimilassem sua importância. Deus pode salvar por caminhos que apenas Ele conhece. Mas é nosso dever ajudar o outro, sempre com amor e nunca com imposição ou humilhação, a encontrar a verdade cristã e a viver segundo a mesma.
Tudo isso envolve o dever, de todos nós, batizados e membros do Povo de Deus, em sermos testemunhas da Boa Nova (tradução da palavra grega Evangelho), aqui em Itaipu, ou em qualquer parte deste município, deste estado, deste país, ou do mundo; onde estivermos. Para tanto, somos enviados, temos missão. Missionários não são apenas os padres, os religiosos e as religiosas, que, com toda a coragem e o abandono por vezes de suas famílias e de suas pátrias de origem, vão para longe, para culturas diferentes e línguas estranhas, para regiões castigadas pela guerra, pela fome ou pela opressão, na pregação da Palavra, na obra permanente da Igreja. Destes, os temos, pela graça de Deus, em nossa comunidade paroquial. Mas cabe-nos sempre ter em mente que, para onde formos, em todos os momentos, mesmo os prazerosos, nunca podemos negar o testemunho ao qual somos chamados. E quantas vezes o fazemos, por vaidades, ciúmes, ambições, desejos desordenados, e outros fatores negativos? Muitas e muitas. Mas se assim nos reconhecermos, e nos reconciliarmos com o Pai, o que passa pela reconciliação com o próximo, já nos fortaleceremos na conversão que leva à santificação.
Perseveremos, pois. Principalmente, diante do mundo que hoje nos cerca, ao mesmo tempo tão progredido em diversas áreas, mas tão influenciado por fatores malsãos, em outras. O Reino Divino, que aqui tem começo, na construção de uma sociedade justa e fraterna; para a qual é indispensável a Família, hoje tão agredida e desprezada; muito necessita de nós todos.
Invoquemos sempre a preciosa intercessão de Maria, Advogada nossa. Em especial, a de Maria Aparecida, padroeira do Brasil, cuja festa é no dia 12. Amém.
Luiz Felipe Haddad