Neste mês de outubro, em que, no
dia 12, homenageamos a Mãe de Deus, Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do
Brasil, e somos convidados, pela Igreja da qual somos Povo pelo Santo Batismo,
a rezar as Orações do Rosário, devemos também atentar para o que significa um
missionário da Boa Nova, e em que dimensão, nós, leigos, o somos.
Sempre sendo boa a leitura do
Catecismo, renovado e consolidado sob o pontificado de João Paulo II, lá
encontramos o mandato missionário, partido do Filho do Homem, no Evangelho de
Mateus; 28,19-20: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem
discípulas, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e
ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei”. “E eis que estou convosco até
a consumação dos séculos”.
Para isso, existe a “Igreja
Peregrina”, em paralelo à “Igreja Padecente”, preparando o tempo da “Igreja
Triunfante”, na vitória final do Reino. Para isso, o Espírito Santo, cujo Fogo
libertou os apóstolos do medo e das fraquezas, é o protagonista. A Igreja tem
que ser missionária, não só pela ação dos presbíteros, diáconos e religiosos
consagrados, mas também pelo trabalho dos leigos, alguns também consagrados;
mas todos; qualquer que seja o estado; convocados na finalidade.
Conhecemos a história de vários
santos, e santas; e de pregadores e testemunhas da Palavra Divina. Muitos foram
martirizados, torturados e mortos durante o período imperial romano até
Constantino, e depois, em diversas partes do mundo; o que ainda hoje acontece
em certas nações. Mas o sangue é semente do Cristianismo. Em nações outras,
embora não haja perseguição expressa, há outra, implícita, pelo crescente
afastamento dos valores éticos e familiares, nas leis e nos costumes. No Brasil
esse perigo também existe, bastando que se leiam jornais, se veja televisão ou
se navegue pela Internet. Em nome de uma liberdade que, de fato, é
libertinagem; em nome de uma felicidade que, de fato, se traduz em prazeres
imediatos e egoísticos; atenta-se contra o direito à vida do feto indefeso; e,
em geral, contra a dignidade da pessoa humana.
No meio das sombras, porém, aparecem as
luzes, e estas são ligadas aos objetivos das missões. As quais percorrem os
continentes, em movimentos permanentes e, às vezes, reversos. Nosso país, que
durante muito tempo tem recebido missionários estrangeiros, hoje, os remete em
número crescente para outros. Ordens religiosas, e sociedades correlatas, têm
se encarregado da tarefa. Aqui em nossa comunidade de São Sebastião de Itaipu,
vemos o dedicado labor dos padres poloneses, ligados ao apostolado de São
Vicente Pallotti; verdadeiro precursor do Concílio Vaticano II, no incentivo à
ação dos leigos, em um tempo difícil e conturbado que se seguiu a guerras e
revoluções. Devemos muito a eles o
crescimento, em quantidade e qualidade, de nossa paróquia.
Mesmo que nós, leigos, não tenhamos que
abandonar nossas casas, ou fazer os votos inerentes ao sacerdócio, muitas
ocasiões se nos apresentam para cumprirmos as obrigações de missionários. Uma
delas é a colaboração com a Igreja, na medida do espaço e do dom de cada um.
Bom exemplo, quando da vinda de inúmeros jovens ao encontro mundial do ano que
vem, no recebimento em nossos lares. Outra delas é o testemunho diante do
próximo. Pouco adianta o louvor, e a frequência periódica ao templo paroquial,
se não forem acompanhados de uma conduta simples e humilde, na compreensão e na
solidariedade, na troca de experiências, na correção paulatina das fraquezas
respectivas; em suma, no percurso, mesmo com algumas quedas, da conversão. Por
último, a firmeza na fé e nas obras que a confirmam; sempre sob a orientação
dos ensinos dos Sucessores de Pedro.
A estrada do missionário é árdua e pedregosa.
Em alguns casos, arriscada. Mas não devemos ter medo. O mesmo Cristo, que
morreu e venceu a morte para que tenhamos Vida, e vida em abundância, ampara
Suas testemunhas em todos os recantos terrestres. O Espírito Paráclito nos dá
coragem. O Pai nos ama desde que nos criou. Três pessoas em Uma, no mistério de
Deus.
Peçamos, para tanto, a intercessão da Mãe
Santíssima. Não nos descuremos do Santo Rosário. A Oração, individual, familiar
ou em grupos, é o melhor meio para o fortalecimento. Não “malhemos” apenas o
corpo, por ginásticas de vários tipos.
Mas também o espírito, para nossa real felicidade e dos que nos cercam;
para a melhoria de nossa comunidade, no sentido maior e nos sentidos maiores.
Que assim seja.
(Luiz
Felipe Haddad)